Há uma revolução de paracanoagem em andamento nas hidrovias do Brasil, inspirada nas performances vencedoras de medalhas de sua equipe nos Jogos Paralímpicos do ano passado em Tóquio.
Personagens grandiosos como Fernando Rufino de Paulo, com suas personalidades contagiantes e histórias incríveis, abriram os olhos de uma nação que se apaixonou pelo esporte quando estreou no Rio em 2016.
Por Tóquio, o caso de amor já estava em andamento. Depois de ganhar um bronze solitário e terminar em oitavo no quadro de medalhas em 2016, o Brasil conquistou um ouro e duas pratas em Tóquio, saltando para igual terceiro na classificação, atrás das potências da paracanoagem Grã-Bretanha e Austrália.
Em Londrina - PR, Breno Henrique Pereira dos Santos, de 10 anos, está ajudando seu treinador a se arrumar depois de um dia agitado na água. Ele é novo na paracanoagem, mas está adorando cada minuto.
“É tão bom me ajudar a construir músculos e torna muito mais fácil ir de um para o outro. É bem fácil de fazer. O objetivo mais importante no momento não é ser um vencedor, mas sim disputar um campeonato. Mas é claro que um dia eu adoraria chegar aos Jogos Paralímpicos”, disse Breno.
Breno tinha apenas três anos e esperava um ônibus escolar quando um carro descontrolado subiu no meio-fio e atingiu o menino. Os médicos trabalharam freneticamente em Breno, mas nada pôde ser feito para salvar sua perna direita.
Após vários anos de fisioterapia e reabilitação, foi sugerido que Breno praticasse um esporte para ajudar a recuperar seus músculos e se manter ativo. Ele viu uma lista de possibilidades, mas não demorou muito para decidir sobre a paracanoagem.
Em um de seus primeiros dias no centro de canoagem, ele viu o campeão mundial de paracanoagem da ICF e o paraolímpico de 2016 Igor Tofalini treinando.
É uma história comum em todo o Brasil, onde jovens atletas estão entrando na água e sonhando em se tornar o próximo Rufino. A nação sul-americana foi uma das primeiras a abraçar totalmente o esporte e agora está colhendo os benefícios.
Ainda este ano a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) planeja realizar seus primeiros campeonatos de paracanoagem para menores de idade, com provas para sub-15, sub-18 e sub-23. A atração de competir contra remadores de idade semelhante certamente aguçará o apetite de crianças que podem ter se assustado com a perspectiva de ter que competir com atletas mais velhos.
Gelson Moreira é o treinador de Breno, um dos cerca de nove atletas de paracanoagem que atualmente treina sob seu olhar atento. Ele começou a treinar em 2013, com Tofalini um de seus primeiros alunos. Na revolução da paracanoagem brasileira, Gelson Moreira é um dos jogadores mais importantes.
“A Confederação Brasileira está trabalhando muito para promover a paracanoagem e, claro, o sucesso de nossos atletas está inspirando muitos remadores mais jovens. A canoagem não é o esporte mais popular no Brasil, mas está ficando cada vez mais forte”, disse Moreira.
Para Breno, os Jogos Paralímpicos de Brisbane em 2032 são seu objetivo. Mas também espera que Brisbane seja a sua segunda Paralimpíada. Em 2028 ele terá 17 anos e, mais importante, um veterano de sete anos de paracanoagem.
Suspeita-se que, se ele for para Los Angeles, será um dos muitos vestindo com orgulho as cores brasileiras.